A evolução da área de prevenção de perdas é sempre tema tanto aqui no blog quanto nos episódios do Podcast PDV, é um assunto que os especialistas em varejo estão sempre de olho por ser muito fundamental. E hoje vamos falar da mudança anunciada pela ABRAS na antiga pesquisa de Prevenção de Perdas, uma das mais tradicionais do setor supermercadista. O novo conceito determinado pela entidade agora passa a avaliar a eficiência operacional dos supermercados e convidamos Marcio Milan, vice-presidente Institucional e Administrativo da ABRAS e Ederson Fernandes, que comanda a área de Prevenção de Perdas do Grupo Giassi, para explicar melhor para os varejistas o que são essas mudanças e você pode conferir aqui no Podcast PDV.
O que motivou o novo olhar voltado para eficiência operacional dos supermercados?
Esta foi a primeira pergunta que fizemos para os especialistas Marcio Milan, superintendente da ABRAS, e Ederson Fernandes, Diretor de Eficiência Operacional. Milan começou dizendo que o setor de supermercados é um segmento que tem maior eficiência quando se trata de perdas e desperdício de alimentos e justamente por isso, eles passaram a estudar uma nova forma não só de mostrar o valor da eficiência do setor, mas também destacar onde estavam as oportunidades de melhoria da eficiência.
“Muitas vezes ao analisar o aspecto só pelo lado de perdas, o assunto fica muito focado, mas quando você olha também o aspecto da eficiência, acabamos encontrando outras maneiras de analisar e não só de analisar, mas também de medir novas oportunidades de melhoria de eficiência operacional dos supermercados. Até porque, dessa forma não estaríamos analisando apenas as perdas e o que é motivado pela operação, mas sim realizando uma análise muito mais ampla porque passamos a analisar também os motivos das perdas”
– Marcio Milan
Para ele, esta nova visão ajuda o varejista a mapear e observar outros aspectos que estão dentro da deficiência como todo, como por exemplo produtividade, rupturas, precificação etc.
A métrica de eficiência operacional dos supermercados representa uma evolução da antiga métrica de perdas?
Em seguida, perguntamos ao Ederson Fernandes sobre a métrica de eficiência operacional dos supermercados, o que mudaria na perspectiva do supermercadista. O especialista destacou que a Prevenção de Perdas vem sofrendo mudanças desde os anos 90, quando era tratada como segurança patrimonial, depois passou a ser lida realmente como prevenção de perdas e agora chega ao ponto de ser vista como eficiência operacional.
“Podemos ver na linha do tempo da Prevenção de Perdas que ela tem uma evolução. A métrica em si não muda, não mudamos a forma como medimos, mas sim a maneira como olhamos para as perdas e para as informações sobre elas”
– Ederson Fernandes
Para Ederson, ao olhar para eficiência operacional dos supermercados, o varejista foca seu olhar nas oportunidades e não somente nas perdas. Com dados como os coletados na última pesquisa Abras, que apontam uma eficiência operacional de 98,13% nos supermercados, o varejista passa a entender que ele é eficiente e que pode crescer ainda mais em toda cadeia de abastecimento. O especialista destaca que esta mudança ajuda o supermercadista a mudar e evoluir seu olhar e a analisar melhor a eficiência de suas equipes, com foco na produtividade, melhor direcionamento e dimensionamento das suas atividades. Com esta evolução, ele pode encarar de outra forma as vendas, que são oportunidades, e perceber se sua equipe realmente tem eficiência dentro de suas lojas.
O que a eficiência operacional tem a ver com os profissionais de prevenção de perdas?
Aproveitamos para perguntar aos dois especialistas quais os impactos desta mudança de perspectiva em relação aos profissionais de prevenção de perdas. Para Ederson Fernandes, o profissional de prevenção de perdas tem um preparo diferente dentro das organizações, pois ele cresce dentro da gestão, se tornando um profissional completo porque atende a todas as demandas, seja o depósito, seja a padaria, o açougue, ou seja, o profissional de prevenção de perdas tem tudo a ver com eficiência operacional porque faz parte de sua rotina conhecer todos os processos.
“Acredito que foi uma sacada muito legal que vai ajudar em uma valorização diferenciada do profissional de prevenção de perdas. Agora ele já não é mais apenas “o cara das perdas”, não, agora ele se torna “o cara da eficiência operacional”. Acredito que isso vai fazer melhorarmos mais ainda a valorização destes profissionais” – Ederson Fernandes
Marcio Milan completou respondendo que nota uma evolução na área de prevenção de perdas, primeiro uma ampliação desta área dentro das próprias empresas, antes era algo que existia apenas em grandes empresas e agora se torna fundamental, independentemente do tamanho do negócio. Segundo, a especialização do profissional, que acabaram se estruturando mais, estudando mais e se capacitando mais. E por fim, o especialista destacou a tecnologia, que tem ajudado a área de prevenção de perdas a atingir uma melhoria constante, não só na operação, mas também na gestão.
“Hoje vemos que profissional de prevenção de perdas tem um conhecimento amplo de toda a loja e não especificamente só dos assuntos relacionados às perdas. Temos profissionais muito mais preparados e muito mais atentos. E a tecnologia tem dado uma formação ainda mais aprimorada para esse profissional, que pode contar com dados coletados por softwares de frente de caixa e câmeras”
– Marcio Milan
Para os especialistas, os profissionais precisam estar cada vez mais preparados, com cada vez mais conhecimentos, pois o varejista agora passa a perceber que é preciso um pouco mais de cuidado e atenção para esta área. Um profissional de prevenção de perdas precisa estar preparado para lidar com tecnologia, com dados e muitos outros conhecimentos para atender a expectativa dos varejistas.
“Cada vez mais o treinamento se faz presente nas organizações e principalmente o treinamento tecnológico. Câmeras e outros sistemas com tecnologias muito mais eficientes ajudam no treinamento. Esse profissional hoje que vem para o varejo na área de eficiência operacional precisa estar muito melhor preparado, senão ele não vai alcançar o objetivo do varejista”
– Ederson Fernandes