Quando o assunto é direito e leis trabalhistas, no varejo de supermercado há muitas demandas, dúvidas e dores. As leis costumam parecer complicadas demais e podem gerar perdas imensas. Para falar sobre o assunto, convidamos Janaína Bastos, advogada especialista em supermercados e consultora com mais de um milhão de seguidores no TikTok. Janaína esteve com a gente durante nossa maratona Podcast PDV na APAS e aproveitamos sua passagem pelo estande da Inwave para tirar dúvidas, saber quais as principais preocupações dos varejistas quando o assunto são leis trabalhistas no varejo e pedimos dicas, é claro. E você pode acompanhar o episódio aqui no blog.
Varejistas não conseguem identificar suas questões jurídicas
Começamos nossa conversa perguntando para Janaína Bastos quais as principais dores do supermercadista quando a procuram. A especialista disse que o maior desafio para os varejistas é identificar qual a principal demanda e muitas vezes, entender que sua questão é uma questão jurídica. Na urgência, alguns varejistas buscam soluções caras que podem acabar gerando ainda mais despesas, e muitas vezes a solução ideal está em suas mãos, como simples mudanças de cultura na empresa.
“Conseguir fazer com que seus funcionários cumpram o que você determina, ou seja, uma simples jornada de trabalho no horário, com treinamentos que você ministra, e garantir que você consiga que o funcionário execute o que foi designado a ele é essencial. A dificuldade em conseguir o básico é um problema cultural no setor, funcionários acomodados e sem estímulo retroalimentam uma cultura de prejuízo para o supermercadista. Há pessoas maravilhosas nas equipes de varejo e costumam estar subaproveitadas, ainda que os valores pagos para construir uma equipe sejam altíssimos e manter um funcionário ocioso seja uma grande perda”
Janaína Bastos nos contou que o Direito tem um papel importante na busca por um melhor desempenho da equipe, garantindo que a mão de obra consiga desempenhar a sua melhor produtividade e ficar feliz. Para ela, um colaborador feliz trabalha melhor. Com uma equipe satisfeita e bem treinada, seu time será mais consistente e não deixará a equipe por qualquer outra proposta, além de evitar processos judiciais. Janaína ainda destaca que o sucesso de seus clientes é quando eles não têm processo nenhum há anos.
Prevenção é a palavra do futuro e do presente
Assim como as perdas no varejo, primeiramente o varejista precisa saber identificar onde estão suas questões trabalhistas. A advogada garante que após descobrir o ralo de perdas que questões trabalhistas mal geridas provocam, os varejistas descobrem ter um pote de ouro nas mãos. Quando o pensamento e a cultura mudam, também muda o DNA da empresa e consequentemente o comportamento dos colaboradores. Prevenir segue sendo a palavra de ordem para Janaína Bastos.
“A própria advocacia não está preparada para esta cultura, porque a formação não mostra que a empresa existe. Abordam os direitos sociais, os direitos fundamentais dos trabalhadores, que devem ser respeitados, mas pouco se fala da dor que é empreender sem o menor tipo de instrução. Alguns pequenos empresários montam empresas do zero sem preparo, sem contar que a maior parte dos supermercados nasce da subsistência, são empresas familiares que vão crescendo. Precisamos falar mais sobre direito e leis trabalhistas no varejo e com os varejistas”.
Janaína faz questão de desmistificar a a ideia de que varejistas não cumpririam com suas obrigações trabalhistas. Isto está longe de ser verdade. O que ela mais vê em seus diagnósticos é a necessidade de uma maior compreensão sobre o assunto para buscar evitar gastos e perdas com leis trabalhistas no varejo.
Informação e tecnologia são essenciais no momento da abordagem de um suspeito
Perguntamos para Janaína o que falta para o supermercadista conseguir equilibrar segurança e prevenção das perdas com uma atitude mais assertiva durante as abordagens de suspeitos de furto. Novamente a especialista destacou a importância da informação e de um bom treinamento de equipe. As abordagens mal realizadas podem gerar processos jurídicos sérios para o supermercadista, por isso, para ela, aliar informação com treinamento e tecnologias é fundamental.
“Hoje um supermercadista que não tenha um sistema de câmeras adequado está no escuro. Os supermercadistas precisam ter profissionais de prevenção de perdas bem treinados, pois não é qualquer funcionário que pode realizar abordagens. Ele precisa ser uma pessoa bem treinada, responsável por fazer esse tipo de trabalho e contar sempre com a ajuda da tecnologia. As tecnologias de prevenção de perdas são importantíssimas para evitar processos jurídicos e deveriam estar em todos os supermercados, independentemente do tamanho, desde mercearias pequenas com apenas dois checkouts. A tecnologia para prevenir perdas comprovadamente baixa a criminalidade e ajuda a inibir os furtos e roubos”.
Atestados médicos, justa causa, riscos de acidente de trabalho e punições trabalhistas
Durante a pandemia, os desafios para lidar com leis trabalhistas no varejo intensificou. Questões de saúde se tornaram ainda mais tensas no dia a dia do varejo e os atestados médicos ganharam destaque. Janaína afirmou a importância de fazer um bom gerenciamento de atestados médicos, conferindo dados para evitar documentos falsos. Falsificação de atestados médicos é crime e é passível de justa causa. Além disso, a especialista também menciona a importância de uma jornada de trabalho justa, com equipamentos de segurança adequados para evitar situações de risco e de insalubridade para os trabalhadores. No episódio, a advogada dá ainda mais dicas valiosas sobre como lidar com estas questões. Não deixe de ouvir o programa na íntegra. Para acessar, é só clicar aqui.