No episódio 124 do PDV Podcast, recebemos Cleide Nakashima, diretora de RH do Grupo Amigão, uma das 20 maiores empresas de varejo alimentar do Brasil. Com uma equipe de 10 mil colaboradores espalhados por Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, Cleide compartilhou sua visão sobre dois desafios que impactam diretamente o setor: o impacto da escala de trabalho 6x1 e o apagão de mão de obra no varejo.
Além disso, a conversa trouxe reflexões importantes sobre cultura organizacional, liderança e a necessidade de repensar modelos de trabalho para atrair e reter talentos.
A Escala 6x1 e os desafios para o varejo
O polêmico debate sobre a escala 6x1 (seis dias de trabalho e um de descanso) vem ganhando força em diferentes setores, mas no varejo, ele traz desafios particulares. Cleide enfatizou como as mudanças nessa dinâmica podem impactar tanto a operação, quanto a experiência do cliente:
“Eu acho que tinha que ter uma discussão sobre o que o cliente quer em relação aos serviços. [...] Quando a gente para pra pensar nessas escalas, a gente para pra olhar do outro lado que é o quanto existe a questão da qualidade de vida dos profissionais, seguramente, sem dúvida, e o quanto isso é importante a gente considerar.” — Cleide Nakashima
Embora seja importante priorizar o bem-estar dos colaboradores, Cleide alertou que as mudanças na escala 6x1 precisam ser alinhadas às expectativas dos clientes e às necessidades do negócio. Ela também apontou para a possibilidade de explorar outros formatos de jornada, como a escala 12x36:
"Estamos fazendo algumas experiências também, que é a escala 12 por 36, que muita gente também tá gostando, porque você folga mais vezes, mas trabalha um número de horas mais longo.” — Cleide Nakashima
Ela também destacou que, para manter os serviços disponíveis nos horários que os clientes demandam, mudanças na escala podem exigir um aumento no efetivo ou custos operacionais, o que afeta diretamente a rentabilidade das empresas.
Escassez de mão de obra no varejo
Outro tema central discutido foi o apagão de mão de obra que o varejo tem enfrentado. Regiões com pleno emprego, como capitais e cidades grandes, dificultam ainda mais a atração de colaboradores para funções que exigem trabalho aos fins de semana e feriados.
“Ah, se eu tenho muitas oportunidades, eu vou escolher aquela que me dá um trabalho de segunda a sexta, horário comercial, e eu não tenho que trabalhar no fim de semana. [...] Está difícil de contratar para o varejo, mas o varejo tem muita possibilidade para quem quiser crescer na carreira.” — Cleide Nakashima
Cleide reforçou o papel do varejo como uma das principais portas de entrada para pessoas em início de carreira ou em recolocação profissional, pois para muitos trabalhadores, o varejo acaba sendo o primeiro trabalho registrado CLT. Além de uma remuneração relativamente maior para esses profissionais, o varejo oferece oportunidades de crescimento profissional e isso deve ser explorado na atração de mão de obra.
Cultura organizacional: o papel da liderança
Além das questões de escala e mão de obra, Cleide destacou como a cultura organizacional é um fator-chave para atrair e reter talentos, especialmente da geração Z. Essa geração valoriza empresas que respeitam seus colaboradores e possuem valores alinhados com suas expectativas:
“Se tem uma coisa que a gente tenta fortemente permanecer dentro da cultura da companhia, é a questão do respeito com as pessoas. [...] A experiência do colaborador ser uma experiência principalmente de respeito, mas que ele consiga se sentir valorizado.” — Cleide Nakashima
Ela também ressaltou a importância de programas de reconhecimento, ambientes diversos e lideranças capacitadas. Em tom de brincadeira, ela usou o exemplo de que na realidade do Supermercados Amigão, ela gostaria de contratar apenas empacotadores, para que os mesmos evoluíssem dentro da empresa, podendo se tornar operador de caixa, encarregado e até mesmo gerente.
Liderança e desenvolvimento contínuo
Outro tema abordado foi o papel crucial da liderança no desenvolvimento das equipes. Para Cleide, um bom líder precisa equilibrar a gestão de equipes com resultados e estar disposto a crescer junto com seus times.
Ela também destacou a importância de planos de desenvolvimento individual (PDI) para capacitar colaboradores em todos os níveis hierárquicos:
“Eu era coordenador e virei gerente, e aí? Ninguém te explica detalhadamente o que fazer quando a gente é promovido. [...] Você precisa entender o que muda e desenvolver as competências necessárias para cada nova etapa.” — Cleide Nakashima
Conclusão
O episódio 124 do PDV Podcast explorou como o setor pode se adaptar a novas demandas de escala e superar a escassez de mão de obra.
Para conferir o bate-papo completo com Cleide Nakashima sobre esses temas, ouça o episódio do PDV Podcast em sua plataforma de áudio favorita. É uma conversa enriquecedora e repleta de aprendizados!