Chegamos ao último dia da NRF 2025 – Retail’s Big Show, o maior evento de varejo do mundo, realizado em Nova York. Durante três dias, líderes do setor, especialistas e marcas globais se reuniram para discutir o presente e o futuro do varejo. O tema deste ano, “Game Changer” (ou "Virada de Jogo"), trouxe reflexões importantes sobre como o setor pode se reinventar diante dos avanços tecnológicos e desafios persistentes.
Enquanto muitas novidades marcaram presença no evento, também vale destacar práticas que já se consolidaram no varejo físico e que fazem a diferença no dia a dia das operações, além de desafios que continuam pressionando o setor a buscar soluções.
Tendências consolidadas no varejo físico
Visitar as flagships de grandes marcas em Nova York é uma aula de inovação. Muitas tendências apresentadas em edições anteriores da NRF já são realidade e seguem elevando o padrão do varejo físico em todo o mundo:
1. Customização:
A personalização, que por muito tempo ficou restrita aserviços de ajustes e alfaiataria, agora se expandiu para novos segmentos, comocalçados, esportes e eletrônicos. Hoje, é comum encontrar opções que permitem ao cliente criar produtos únicos – seja gravando seu nome em um secador Dysonou adicionando arte local a um tênis Puma.
Grandes lojas, como Nordstrom, dedicam espaços inteiros para esse tipo de serviço, mostrando que a busca por exclusividade é uma demanda crescente entre os consumidores.
2. Seamless Checkout:
Os caixas, que por décadas foram um ponto crítico da experiência de compra, estão sendo revolucionados. Tecnologias como self-checkouts e mobile checkouts estão ganhando espaço, proporcionando agilidade, segurança e redução de custos operacionais.
Varejistas de diferentes tamanhos, de gigantes como Target e Whole Foods até mercados menores como Foodtown, mostram que a fluidez no momento do pagamento é essencial para melhorar a jornada do cliente e manter a fidelidade.
3. Retail Media:
A mídia digital dentro das lojas, um tema amplamente discutido nas últimas NRFs, já é uma realidade consolidada. Telas em supermercados como Wegmans ou flagships de marcas esportivas como Nike e Puma não apenas promovem produtos, mas também oferecem conteúdo relevante, como dicas de bem-estar e sugestões de uso.
Essa mídia tem se mostrado uma poderosa ferramenta de conversão, atuando quase como um vendedor silencioso e altamente eficaz.
Desafios que ainda persistem
Embora as inovações continuem avançando, no varejo nem tudo são flores. Alguns desafios permanecem no radar e problemas que já existiam se tornaram ainda mais preocupantes:
1. Escassez de mão de obra:
A falta de profissionais qualificados tem impactado operações nos EUA, no Brasil e em outros mercados. O problema vai além do desabastecimento de gôndolas e atrasos na abertura de novas lojas. Salários pouco atraentes, jornadas exaustivas e o aumento do estresse no trabalho têm afastado os jovens, que historicamente eram o principal público para as vagas no setor.
Embora a tecnologia avance para aliviar essa questão, Ela não tem sido implementada pelos varejistas com a agilidade necessária para prevenir os desafios causados pela falta de pessoal. Anúncios de vagas de emprego em redes como Best Buy e Wegmans são cada vez mais frequentes, refletindo a urgência do problema.
2. Perdas por furtos e fraudes:
A alta da inflação e políticas mais brandas em relação a crimes não violentos têm agravado as perdas no varejo. Produtos confinados em gôndolas, etiquetas de alarme em itens de baixo valor e tecnologias avançadas de monitoramento são algumas das respostas que o setor tem adotado para enfrentar o problema.
Ainda assim, o desafio persiste, exigindo estratégias mais sofisticadas e eficazes para garantir a segurança das operações sem comprometer a experiência do cliente.
O uso de sistemas de visão computacional e inteligência de software para monitorar caixas e o recebimento de mercadorias tornou-se essencial para manter as perdas sob controle.
Reflexão final
A NRF 2025 reforçou que o varejo é um termômetro das transformações sociais e econômicas. Enquanto novas tecnologias apontam para um futuro promissor, desafios antigos ganham novas camadas de complexidade. Que o tema deste ano, “Game Changer”, inspire varejistas de todo o mundo a encontrar soluções que realmente façam a diferença e transformem o setor.