O negócio é bom quando cria valor. A frase categórica é de Hugo Bethlem, cofundador e presidente do Conselho do Instituto Capitalismo Consciente Brasil e convidado deste episódio do podcast PDV. O instituto sem fins lucrativos que em 2023 completa 10 ano no país, trabalha para mostrar que além do lucro é possível criar valor para todos os stakeholders: acionistas, funcionários, fornecedores e consumidores. Bethlem diz que é papel do líder estabelecer propósitos e metas que ajudem a diminuir a desigualdade social e cuidem do meio ambiente. E garante: a empresa que faz isso, tem mais sucesso financeiro.
Executivo com vasta experiência no varejo, tendo atuado em empresas como Carrefour, GPA e Dicico. Hugo Bethlem é um dos fundadores do Instituto Brasileiro do Capitalismo Consciente, um instituto sem fins lucrativos que promove uma abordagem mais ética, sustentável e socialmente responsável nos negócios e nos investimentos.
Em nossa conversa, ele destaca que o Capitalismo Consciente se baseia em quatro pilares fundamentais:
- Propósito: ter um propósito claro que orienta a empresa e seus stakeholders na mesma direção, respondendo à pergunta sobre qual problema da sociedade o negócio pretende resolver.
- Tratamento equitativo dos stakeholders: tratar todas as partes interessadas de forma justa e igualitária.
- Cultura e valores: cultivar uma cultura e valores que garantam a perenidade do negócio.
- Liderança consciente: ter líderes que se preocupem com o bem-estar das pessoas e com a sustentabilidade.
ESG e a evolução do capitalismo consciente
O ESG não é uma novidade que surgiu apenas na pandemia, mas sim uma abordagem que tem evoluído ao longo do tempo. Com origem em 2005, após uma reunião da ONU é composto pelos aspectos eco ambientais, sociais e de governança. Bethlem destaca que, embora existam algumas diferenças entre o Capitalismo Consciente e o ESG, a prática efetiva do ESG requer a adoção de princípios do Capitalismo Consciente, como ter um propósito, tratar equitativamente as partes interessadas e ter liderança consciente.
No Brasil, há desafios específicos para a adoção generalizada do ESG. Enquanto em países desenvolvidos, o foco muitas vezes está nas questões ambientais, no Brasil, a preocupação com a desigualdade social é fundamental. Bethlem argumenta que o país precisa enfrentar a questão da pobreza laboral, incluindo a remuneração digna dos trabalhadores.
A a importância da ética nas empresas, independentemente de seu tamanho também foi enfatizada em nossa entrevista. Segundo Bethlem, as empresas devem adotar uma abordagem de governança transparente e ética, independentemente de sua escala de operação. Isso é essencial para construir um negócio sustentável no longo prazo.
O papel do consumidor
Hugo Bethlem destaca a importância dos consumidores no processo de adoção de práticas ESG. O consumidor consciente é um agente de mudança importante, já que suas escolhas podem influenciar as empresas a adotar práticas mais sustentáveis e responsáveis.
Por outro lado, a cultura e os valores internos das empresas também desempenham um papel crucial na adoção bem-sucedida de práticas ESG. Bethlem incentiva as empresas a investirem em treinamento e desenvolvimento de lideranças para que adotem uma mentalidade consciente, que valorize a igualdade, a responsabilidade social e a sustentabilidade.